11 março 2017

Textos


Uma carta de adeus para alguém que deveria ficar 

 

      

      Como começar? Ou seria terminar? 

      Amor? Querido Amigo? Colega? Ou apenas alguém que deveria ficar. Vamos Lá. Ou melhor, não vamos, não há plural, apenas singular. Então fique, se assim desejar.

      Nunca fui boa em persuadir pessoas. Em conquistá-las ou convencê-las. Geralmente sou a pessoa que sempre é persuadida, conquistada e convencida. Então, por favor me diga como se faz. Ou melhor, não diga nada, apenas continue a ler...

      O quanto de segurança há em nós? Há sempre duvidas, não é mesmo? Somos bons o suficiente? Há amor ou é só impressão? Educação ou interesse? Nunca há respostas exatas pois nunca temos coragem para arriscar perguntá-las. Velho amigo, você me disse isso, concordo com você...

      Sou tão confusa, perco o foco tão rápido, mas nunca te perdi, até agora. Era para ser uma carta de adeus para alguém que deveria ficar, mas eu simplesmente não consigo dizer adeus e nem explicar meus motivos para querer que você fique. Afinal de contas, eu o apoiei na partida. Sendo assim, não falarei de Adeus, mas de espelhos.

      Já notou que nunca parecemos bons o suficiente para algo ou alguém? Apesar de nos arrumarmos, verificarmos nos espelhos, nunca há espelhos suficientes. Não há um espelho dentro de nós mesmos, ou um espelho que reflete a maneira como o outro nos vê. Por isso, agora, serei seu espelho.

      Você é calmo, despreocupado, gentil e educado. Seus cabelos bagunçados, sua barba por fazer, sua cara de sono que sempre estampava um sorriso deslumbrante e encorajador para mim. Você é o tipo de pessoa que queria levar para casa e dormir agarrada, como um urso de pelúcia, só para me sentir aquecida e segura. Você sempre tem algo idiota para dizer e me fazer rir, algo para descontrair.  Você era o meu sonho que tinha tornado realidade, ou pelo menos, era assim que eu o via.

      Não havia espelhos que refletissem a felicidade que meu coração sentia todas as vezes que a gente se encontrava. Não havia espelhos que te fizessem enxergar o quão especial você era pra mim e que te mostrasse que sim, era amor.

      Sabe, às vezes é necessário mais que aparências, mais que refletir e se mostrar, têm que demonstrar, em atitudes e palavras. Mas querido amigo, você bem sabe que sou a pessoa que escreve todo um roteiro, mas que não se move, que espera as pessoas agirem. Talvez esse tenha sido o erro, quem é que sabe?

      Bom, esqueça de todos os erros, de tudo que poderíamos ter feito e não fizemos, de todas as atitudes que não tomamos e de todas as palavras que não falamos. Mas, tente se lembrar sempre dos acertos, das risadas, das fotos engraçadas que tirávamos, das músicas que compartilhávamos, dos altos papos de madrugada e até das discussões desnecessárias que só provavam o quanto a gente se gostava pois no fim sempre fazíamos às pazes e ficávamos melhores do que estávamos antes.

      Bem, me desculpe por falar demais coisas desnecessárias e menos do que realmente é importante. Era pra ser uma carta de Adeus para alguém que deveria ficar, mas palavras não são suficientes para explicar o porquê gostaria que você tivesse ficado. Enfim, espero que seus sonhos se realizem e que você seja muito feliz, ai onde você está ou em qualquer outro lugar que pretenda ir futuramente. E se essa carta chegar até você, saiba que passei por tua vida, mas minha vontade era de ter ficado.

      Por fim, fique com aquele meu beijo na tua bochecha e com o adeus de alguém que não conseguiu se despedir.

Isadora Martins


20 agosto 2016

Crônica


Deixei a porta aberta, caso queira voltar

 




             Era o primeiro dia da tão esperada férias quando um ser humano desconhecido veio falar comigo. Ok, “ser humano desconhecido” é um termo estranho, fato é que era um ser humano bem bonito, com uma barba maravilhosa, com bom gosto pra música e livros... Certo, chega de elogios.

  Pois bem, estava eu deitada,assistindo netflix, quando esse moço veio conversar comigo. Não tínhamos ideia de como ele tinha o meu WhatsApp, e ele surgiu com a seguinte pergunta: “Quem é você?”

            Era uma boa pergunta, tão boa que nem eu sabia a resposta. Quem era eu? Uma garota que tem uma terrível mania de acreditar no melhor das pessoas? Que não vê maldade nas coisas e que ainda acredita no “Felizes para sempre” mesmo sabendo que é tudo ficção? Uma garota que fica de pijama o dia todo, e que às vezes deixa de frequentar lugares sociáveis por preguiça de arrumar o cabelo? Que opta por ficar em casa numa sexta à noite vendo séries ao invés de ir em baladas tentar preencher o vazio com pessoas e bebidas e prefere se preencher com pizza? É, talvez eu seja essa garota, mas ele não precisava saber disso, então respondi “qualquer coisa” e seguimos conversando.

Conversamos tanto, que a conversa se estendeu ao longo dos dias. Quando notei, havia uma semana de conversa diária, muitas risadas, muitas descobertas de coisas em comum, muitas músicas compartilhadas. E aos poucos um estranho que poderia ser um psicopata acabou se tornando um amigo, ou era o que eu pensava.

Minha mãe costuma dizer que não devo conversar com estranhos, mas não a levo muito á serio já que a mesma conta a sua vida para um desconhecido na fila de um banco. Então, após uns quinze dias, resolvi aceitar o convite dele para sairmos e nos conhecermos pessoalmente.

Esse é aquele momento que você vai pensar que este é um relato de pedofilia ou sei lá, mas não, ele era apenas ele mesmo. Ainda me lembro como se fosse hoje, de avistá-lo na praça de alimentação me esperando, na verdade, eu cheguei bem antes (foi a primeira vez na vida que não me atrasei para um encontro), mas fiquei em um lugar diferente do combinado. Ainda me lembro do que senti quando nos encontramos e nos abraçamos, e não, não foi um sentimento romântico, foi algo parecido com querer sair correndo. Sou louca? Talvez.

No primeiro momento, tentei me convencer de que era tudo culpa da minha timidez que eu nem sabia que tinha. Mas com o passar do tempo, e do silêncio constrangedor, cheguei à conclusão de que eu fui precipitada, que deveríamos ter nos conhecido melhor antes de sairmos. E a cada segundo que se estendia lentamente, eu torcia para passar mais rápido e para a noite acabar logo para que eu pudesse voltar pra casa.

Sabe, às vezes vejo a vida como aquele pote de sorvete que você esconde na geladeira para comer quando voltar da escola. Você passa toda a aula ansiosa para chegar em casa só para poder devorá-lo, mas quando finalmente volta pra casa e abre a geladeira, devora o sorvete e percebe que o conteúdo não era tão bom quanto imaginara. É frustrante. Talvez tenhamos sido assim, um para o outro.

Até hoje tento entender aquele encontro, aquelas tentativas de conversa; aquele beijo de 5 segundos e que julgo ser o beijo mais rápido na história dos beijos; aquela timidez e indiferença; aquele jeito de partir sem se despedir direito. Até hoje tento entender onde erramos, onde eu errei e qual foi o problema.

Talvez O problema tenha sido eu não conseguir ser eu mesma por medo de desagrada-lo, mas foi tentando não desagradá-lo que me protegi em uma redoma invisível onde me mantive distante, mostrando-me uma garota diferente de nossas conversas. Talvez o problema tenha sido sermos tão precipitados em certas coisas e tão indiferentes em outras. Talvez o problema seja só ter enxergado isso na hora que eu estava indo dormir, quando revivo mentalmente meu dia e minhas paranoias e erros cometidos em 2003. Ou Talvez o problema tenha sido não fazer nada para mudar as coisas.

Que tipo de pessoa é louca para gostar tanto de alguém em apenas 15 dias? Que tipo de pessoa ainda se apega a certos acontecimentos que se passaram há tanto tempo? Que tipo de pessoa é louca o suficiente para acreditar que ainda há tempo de mudar as coisas com uma segunda chance? A música da Clarice que ele dizia ser nossa, falava da nossa loucura ser tão parecida, então, talvez eu seja esse tipo de pessoa louca.

Nosso encontro não teve um fim decente, nem nossa última conversa, nós Deixamos tudo em aberto, interminado. Até hoje não sei como ele conseguiu meu número de telefone, talvez, como brincávamos, tenha sido o destino, e se for destino, esse mesmo destino se encarregou de me fazer perder o número de telefone dele.

Algumas coisas na vida não fazem sentido, como essa história. Mas eu ainda supero essas coisas e consigo ser mais sem sentido ainda. Qualquer ser humano normal esqueceria essa história e seguiria a vida normalmente. Mas é meio impossível esquecer a pessoa que me apresentou à How I meet your mother, a série que se tornou minha favorita.

Acontece que não sou normal, e apesar de ter seguido a vida, eu ainda me lembro dele e penso nele quase todos os dias, ainda penso que poderia ter dado certo mesmo dando errado. Apesar de não ter mais contato, de não saber como anda a vida dele, ainda assim, deixei a porta da minha vida aberta, caso ele queira voltar.

Pode dizer que sou louca por deixar a porta aberta e esperar alguém que provavelmente partiu e não pensa em voltar. Podem me achar louca, mas meu personagem preferido costuma dizer que as melhores pessoas são assim, loucas. 
Isadora Martins

17 julho 2016

Textos

Você merece alguém melhor

 

 

     Linda garota, se tua tristeza lhe fizer chorar, chore. Mas que estas lágrimas sejam para purificar tua alma e te libertar de todo o mal que aquele certo alguém lhe causou.


     Olhe para você, tu não precisa de uma metade, pois você já é completa. Você não precisa se esforçar para que gostem de você; não precisa ficar tentando agradar e nem ensaiar conversas. Não precisa ficar correndo atrás de quem não faz questão de tua companhia.


     Linda garota, olhe para você, você é maravilhosa, você merece muito mais. Você merece alguém que não será rude, que não te trate como última opção. Alguém que não a procure apenas para matar o tédio. Alguém que não fique sempre arranjando desculpas para não ter que te ver. Alguém que não suma e reapareça quando bem entender.


     Você merece alguém que fique sem que você precise pedir. Alguém que te faça rir e, não chorar. Alguém que não te responda por educação, mas que fale contigo porque adora vê-la falar sem parar. Alguém que você não precise se esforçar para agradar porque esse alguém irá amá-la naturalmente.


     Alguém que irá gostar do seu cabelo desarrumado e das roupas simples que tu usa. Alguém que te achará linda mesmo com o seu jeito todo bagunçado de ser. Alguém que não se importará com a falta de dinheiro e nem com a distância, pois esse alguém sabe que o importante é estar com você, independente do lugar e do tempo que irá gastar para te encontrar.

  
     Você merece alguém melhor, alguém para simplificar e não para complicar. Alguém que te mostre que amor é reciprocidade e que lhe provará que quem quer mesmo faz acontecer. Alguém que irá agradecer à Deus por tê-la. Alguém que enxergará o ser espetacular que você é.


     Linda garota, seque essas lágrimas e siga em frente. Não conte o tempo, apenas viva sem esperar nada da vida, porque no fundo, bem no fundo, você sabe que sempre há gente melhor. E por fim, tenha sempre em mente que as melhores coisas acontecem por acaso, ou destino, ou chame do que bem entender. Os melhores momentos são os que não são planejados e as melhores pessoas encontraremos quando não estivermos procurando.


     Linda garota, você merece alguém melhor para amar.


Isadora Martins