07h34 AM
Foto por: @caioflr
Você
já se perguntou sobre o porquê de você está ai, neste lugar, assim? Sobre como poderia ter
Um sorriso reprimido. Uma conversa desejada, que não foi iniciada por motivo de
timidez ou insegurança. Uma amizade interrompida por orgulho. Uma briga causada
por ignorância e insensatez. Um possível amor não concretizado por falta de
iniciativa.
Já pensou que um destes fatores ou todos estes juntos, foram os responsáveis
pelo o rumo em que nossas vidas foram conduzidas? E se tivéssemos reagido diferente a uma destas situações? Seria diferente?
Em uma manhã, aquela mulher, desesperançosa e entristecida, só desejava chegar
ao local de trabalho o mais rápido possível. Esperou, esperou e esperou. Aquele
ônibus, cuja costumava adentrar sempre no mesmo horário, estava à minutos
atrasado. Resolveu então ir correndo até o lugar que precisava comparecer.
Estava uma manhã cinzenta e fria, e o vento soprava sua face enquanto ela
corria apressada. Quando estava em frente ao ponto em que costumava descer
todos os dias, a garota olhou para o lado, e ali se encontrava o ônibus que
estava “supostamente” atrasado. Ambos parados. O relógio marcava 07h34min AM.
Ela estava atrasada, era verdade... Deveria ter comparecido ao local marcado as
07h30min AM. Este local ficava a cem metros de onde ela e o ônibus se
encontrava estatelados naquele momento.
O ônibus seguiu viagem. A mulher seguiu seu caminho. E naquele instante um
pensamento surgiu na cabeça daquela mulher: 07h34min AM... Ela poderia estar
atrasada para o compromisso, mas por algum motivo desconhecido ela soube,
naquele instante, as 07h34min AM de uma manhã fria de quinta-feira, que apesar
de tudo, era lá que ela deveria estar, e que não importa como chegasse lá, ela
apenas teria que estar lá naquele exato momento. Tanto faz, ela poderia ter ido
de ônibus ou correndo, mas precisava estar ali, naquela hora.
Não sei se ela obteve sucesso chegando atrasada em seu compromisso... Aliás,
nem sei qual foi o rumo que tomou a vida daquela mulher. Gostaria de dizer que
algo surpreendente lhe acontecera naquele dia. Porém, assim não posso. O que
posso é imaginar que tudo deu certo, que a tristeza lhe abandonara e que ela
foi muito feliz. Pelo menos, é nisso que acredito.
Quando penso nessa história, meus pensamentos me escapam... Viajam por outras
dimensões... E algo eu encontro.
Eu poderia ter sorrido. Poderia ter iniciado aquela conversa. Poderia ter tido
coragem suficiente para não permitir que o orgulho tivesse tomado conta de mim,
permitindo assim que aquela amizade não viesse a ser interrompida. Poderia ter
sido sábia e evitado toda aquela briga. Poderia até ter tomado iniciativa para
concretizar aquele possível amor.
Contudo, algo me leva a crer, que por algum motivo desconhecido, eu
simplesmente tenho que estar aqui, no meu quarto, ouvindo “The Scientist” e
escrevendo essa crônica. E é esse mesmo motivo que me leva a crer que você,
independente de onde esteja, ouvindo qualquer outra música, deveria estar lendo
esta crônica, no mesmo instante que o faz.
Eu acredito que o caminho não importa. A velocidade não importa. Estarei onde
estiver de estar, no momento oportuno. Acredito que se tiver que acontecer,
acontecerá.
Quem foi que disse que a vida é justa? Quem foi que disse que para tudo há uma
explicação?
Pois bem, isto é o que eu acredito. E você, no que acredita?
Pois bem, isto é o que eu acredito. E você, no que acredita?
Isadora Martins
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