04 setembro 2015

Crônicas

07h34 AM 

Foto por: @caioflr


 Você já se perguntou sobre o porquê de você está ai, neste lugar, assim? Sobre como poderia ter 
sido sua vida até aqui se tivesse reagido de uma forma diferente à determinado acontecimento  em sua vida?
     Um sorriso reprimido. Uma conversa desejada, que não foi iniciada por motivo de timidez ou insegurança. Uma amizade interrompida por orgulho. Uma briga causada por ignorância e insensatez. Um possível amor não concretizado por falta de iniciativa.
     Já pensou que um destes fatores ou todos estes juntos, foram os responsáveis pelo o rumo em que nossas vidas foram conduzidas? E se tivéssemos reagido diferente a uma destas situações? Seria diferente?
     Em uma manhã, aquela mulher, desesperançosa e entristecida, só desejava chegar ao local de trabalho o mais rápido possível. Esperou, esperou e esperou. Aquele ônibus, cuja costumava adentrar sempre no mesmo horário, estava à minutos atrasado. Resolveu então ir correndo até o lugar que precisava comparecer.
     Estava uma manhã cinzenta e fria, e o vento soprava sua face enquanto ela corria apressada. Quando estava em frente ao ponto em que costumava descer todos os dias, a garota olhou para o lado, e ali se encontrava o ônibus que estava “supostamente” atrasado. Ambos parados. O relógio marcava 07h34min AM. Ela estava atrasada, era verdade... Deveria ter comparecido ao local marcado as 07h30min AM. Este local ficava a cem metros de onde ela e o ônibus se encontrava estatelados naquele momento.
     O ônibus seguiu viagem. A mulher seguiu seu caminho. E naquele instante um pensamento surgiu na cabeça daquela mulher: 07h34min AM... Ela poderia estar atrasada para o compromisso, mas por algum motivo desconhecido ela soube, naquele instante, as 07h34min AM de uma manhã fria de quinta-feira, que apesar de tudo, era lá que ela deveria estar, e que não importa como chegasse lá, ela apenas teria que estar lá naquele exato momento. Tanto faz, ela poderia ter ido de ônibus ou correndo, mas precisava estar ali, naquela hora.
     Não sei se ela obteve sucesso chegando atrasada em seu compromisso... Aliás, nem sei qual foi o rumo que tomou a vida daquela mulher. Gostaria de dizer que algo surpreendente lhe acontecera naquele dia. Porém, assim não posso. O que posso é imaginar que tudo deu certo, que a tristeza lhe abandonara e que ela foi muito feliz. Pelo menos, é nisso que acredito.
      Quando penso nessa história, meus pensamentos me escapam... Viajam por outras dimensões... E algo eu encontro.
     Eu poderia ter sorrido. Poderia ter iniciado aquela conversa. Poderia ter tido coragem suficiente para não permitir que o orgulho tivesse tomado conta de mim, permitindo assim que aquela amizade não viesse a ser interrompida. Poderia ter sido sábia e evitado toda aquela briga. Poderia até ter tomado iniciativa para concretizar aquele possível amor.
     Contudo, algo me leva a crer, que por algum motivo desconhecido, eu simplesmente tenho que estar aqui, no meu quarto, ouvindo “The Scientist” e escrevendo essa crônica. E é esse mesmo motivo que me leva a crer que você, independente de onde esteja, ouvindo qualquer outra música, deveria estar lendo esta crônica, no mesmo instante que o faz.
     Eu acredito que o caminho não importa. A velocidade não importa. Estarei onde estiver de estar, no momento oportuno. Acredito que se tiver que acontecer, acontecerá.
     Quem foi que disse que a vida é justa? Quem foi que disse que para tudo há uma explicação?
Pois bem, isto é o que eu acredito. E você, no que acredita?
   
Isadora Martins
 

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