Ser trouxa é profissão, e eu tenho Doutorado
Foto por: Victor Dragonetti
Sabe aquelas mensagens que me
faziam sorrir? Aqueles apelidos únicos? Aquelas confissões na madrugada?
Aquelas fotos fofas? Aqueles elogios que me fizeram suspirar? Tenho tudo guardado na limitada memória de meu
iPhone e no meu imenso coração.
Você me chamava de sua. Dizia que
minha voz te acalmava e que meu sussurro acelerava as batidas de teu coração.
Disse que eu era incrível e que gostava mesmo de mim. Gostava? Acho que sim, da
mesma forma que gostava de manga com sal, de fotografia e de cachorros...
Gostava de uma forma banal.
Mas meu amor, nosso conceito de
gostar é muito diferente.
Eu gostava de tudo o que dizia e
me prometia, dos planos que a gente fazia e da felicidade que me trazia.
Gostava mesmo de você, assim como gosto de pessoas que sorriem com os olhos e
de olhares que falam mais do que palavras. Gostava mais que kitkat com nutella
e do que quando meu time ganhava.
Cê nem sabe, eu não tenho voz
bonita e nem sei tocar violão, mas compus uma música pra você. Não sabe dos
ingressos pro show daquele cantor que eu gosto que comprei pra gente ir junto
no domingo e nem do presente que te comprei para o nosso primeiro aniversário. Nem
sabe que toda vez que adentro o ônibus e olho pela janela, imagino o futuro que
teremos juntos. E foi hoje, imaginando a gente através da janela do ônibus, que
te vi com ela.
E todo esse tempo achando que
você não sabia de meus planos, era eu quem não sabia das suas mentiras.
Mentiras que atingiram minha alma como a dor causada por uma bala perdida, bala
essa que você mesmo disparou. Pois todo esse tempo eu não sabia que você era
como uma arma que disparava para o céu a fim de ver se alguma retornava à você
para tentar suprir essa carência que te domina. E você conseguiu, elas
voltaram, mas acontece que você é tão burro que não pensou na possibilidade de
que um dia elas poderão te ferir... Elas não, ela, pois eu meu bem, estou me
retirando de sua vida.
Eu fui trouxa todo esse tempo,
mas deixa eu te contar uma coisa: Ser trouxa é profissão, e eu posso até ter
feito doutorado com você, mas um dia a gente acorda e vê que aquilo não nos
serve mais, então abandonamos a profissão, assim como você abandonou sua
faculdade.
Quanto a você? Cê é
como aquele Ônibus que eu corri atrás e acabei perdendo. Mas a verdade é que
quem perdeu foi você, pois posso pegar muitos outros ônibus, mas aquele ônibus
perdido nunca mais terá a mim.
Isadora Martins
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